As memórias DDR3 (Double Data Rate 3)
chegaram ao mercado para substituir o padrão DDR2, tal como
este substituiu o tipo DDR. A motivação dessa mudança
é, como sempre, a necessidade de melhor desempenho. Neste artigo,
você verá as principais características
das memórias DDR3 e conhecerá suas
diferenças em relação aos
padrões anteriores.Principais características das memórias DDR3
As memórias DDR se destacam em relação ao
padrão anterior - memórias SDR SDRAM - porque são
capazes de realizar duas operações de leitura ou escrita
por ciclo de clock (em poucas palavras, a velocidade com a qual o
processador solicita operações - entenda mais neste artigo sobre processadores).
As memórias DDR2, por sua vez, dobram essa capacidade,
realizando quatro operações por ciclo de clock.
O tipo DDR3 segue o mesmo caminho: dobra a quantidade de
operações por vez em
relação ao padrão anterior, ou seja,
realiza 8 procedimentos de leitura ou gravação a
cada ciclo de clock, quatro no início deste e outros quatro
no final.
Para compreender melhor este aspecto,
considere que, quando nos referimos ao ciclo de clock, estamos tratando
da comunicação da memória com o
exterior. Porém, a memória trabalha com uma
frequência própria internamente.
Levando essa característica em conta mais a questão das
operações por ciclo de clock, temos o seguinte
cenário:
- Um módulo DDR-400, por exemplo, funciona internamente a 200 MHz,
mas oferece 400 MHz por trabalhar com duas operações por ciclo
(2 x 200);
- Um pente DDR2-800, que também funciona internamente a 200
MHz, pode oferecer 800 MHz, já que faz uso de quatro
operações por vez (4 x 200).
- Seguindo a mesma lógica, podemos tomar como exemplo um módulo
DDR3-1600 que, assim como os anteriores, funciona internamente a 200
MHz, no entanto, por utilizar 8 operações por
ciclo de clock, pode oferecer 1.600 MHz (8 x 200).
Vale frisar que, em termos gerais, as
taxas da frequência de comunicação
externa são quatro vezes maiores que o clock interno. Com
isso, um módulo que trabalhar internamente a 200 MHz
funciona externamente a 800 MHz, por exemplo.
Há, no entanto, um aspecto
onde a memória DDR3 leva desvantagem: a latência,
em poucas palavras, o tempo que a memória leva para fornecer
um dado solicitado. Quanto menor esse número, melhor. Eis as
taxas mais comuns para cada tipo de memória:
- DDR: 2, 2,5 e 3 ciclos de clock;
- DDR2: 3, 4 e 5 ciclos de clock;
- DDR3: 7, 6, 8 ou 9 ciclos de clock.
- DDR2: 3, 4 e 5 ciclos de clock;
- DDR3: 7, 6, 8 ou 9 ciclos de clock.
Perceba que, com isso, um
módulo DDR2 pode gastar até 5 ciclos de clock
para começar a fornecer um determinado dado, enquanto que no
tipo DDR3 esse intervalo pode ser de até 9 ciclos.
Para conseguir diminuir a latência, fabricantes fazem uso de
vários recursos nos módulos DDR3, como um mecanismo de
calibragem de sinal elétrico, que proporciona maior estabilidade
nas transmissões.
Saiba mais sobre latência no texto
Memória ROM e RAM.
No que se refere ao consumo de energia, as memórias DDR3
conseguem levar vantagem em relação às tecnologias
anteriores: por padrão, trabalham com 1,5 V, contra 1,7 V e 2,5 V
dos tipos DDR2 e DDR, respectivamente. É importante destacar, no
entanto, que esses valores podem ser aumentados ligeiramente pelo
fabricante para atender a determinadas necessidades -
alcançar um determinado nível de clock, por exemplo.
Dual-Channel e Triple-Channel
Tal como acontece com seus antecessores, os módulos DDR3
também podem trabalhar com o esquema Dual-Channel, onde controlador
faz com que as memórias possam transferir o dobro de dados por ciclo: em
vez de 64 bits, transferem 128 bits.
Mas, a partir da linha de processadores Intel Core i7, as memórias DDR3
passaram a contar com uma nova modalidade: Triple-Channel. Como o nome
indica, neste modo, as memórias passam a trabalhar com o triplo de
dados por ciclo. Assim, se cada canal transmite 64 bits, temos
então um total de 192 bits por vez. Além disso,
se no modo Dual-Channel é necessário utilizar dois
pentes de memória com as mesmas especificações, no Triple-Channel
são necessários três. Isso indica que a
placa-mãe necessita contar não só com
um chipset compatível (o mesmo vale para o processador)
como também possuir mais slots de memória, tornando tais
dispositivos mais caros ao usuário.

Placa-mãe com suporte a Triple-Channel - Imagem por Asus
Da mesma forma que é possível encontrar kits com pentes de
memória para Dual-Channel, há fabricantes
disponibilizando kits para Triple-Channel.
Aspectos físicos das memórias DDR3
Assim como as memórias DDR e DDR2, os módulos DDR3 contam
com uma ranhura, isto é, com uma pequena divisão entre seus terminais
de contato. Para evitar confusão entre os
padrões, cada tipo possui esse espaço em uma
posição diferente. No caso das
memórias DDR3, a ranhura está mais à
esquerda. A imagem abaixo mostra um comparativo entre os três tipos:

Comparativo: memórias DDR3, DDR2 e DDR - Imagens por Kingston
As memórias DDR3 seguem o exemplo do tipo DDR2: geralmente são
encontradas com chips que utilizam encapsulamento CSP (Chip Scale Package) com
encaixes FBGA (Fine pitch Ball Grid Array), cuja principal característica
é o fato de os terminais do chip serem pequenas soldas. A
vantagem disso é que o sinal elétrico flui mais
facilmente e há menos chances de danos físicos. A
memória DDR, por sua vez, é frequentemente
encontrada em encapsulamento TSOP (Thin Small Outline Package). Saiba
mais sobre isso no artigo Memórias ROM e RAM.

Nos notebooks, as memórias geralmente possuem dimensões diferentes - Na foto, um pente DDR3 em um Macbook Pro
O número de contatos dos módulos DDR3 também é
o mesmo dos pentes DDR2: 240. O tipo DDR possui 184.
On-Die Termination (ODT)
Este é mais um ponto onde as memórias DDR3 são semelhantes
ao padrão DDR2: ambas trabalham com um recurso denominado
On-Die Termination (ODT). Trata-se de uma tecnologia que ajuda a evitar
erros de transmissão. Como?
Os sinais elétricos sofrem
um efeito de retorno quando chegam ao final de um caminho de
transmissão. Grossamente falando, é como se a
energia batesse em uma parede no final de seu caminho e voltasse. Por
motivos diversos, esse efeito também pode ocorrer no "meio
do caminho". No caso das memórias, esse problema, conhecido
como "sinal de reflexão", pode significar perda de
desempenho e necessidade de retransmissão de dados.
Nas memórias DDR, esse problema é tratado por
meio de um método que reduz o sinal de reflexão a partir
de resistores que são adicionados à placa-mãe.
É desse dispositivo que vem o nome
"terminação resistiva".
Nas tecnologias DDR2 e DDR3, a
terminação resistiva na placa-mãe
não se mostrou eficiente, pelas características
físicas desses tipos de memória. Diante desse
problema, foi necessário estudar alternativas e
então surgiu o ODT. Nesta tecnologia, a
terminação resistiva fica dentro do
próprio chip de memória. Com isso, o caminho
percorrido pelo sinal é menor e há menos
ruídos, isto é, menos perda de dados.
Até a placa-mãe acaba se beneficiando dessa
tecnologia, já que um componente deixa de ser adicionado,
reduzindo custos de produção.
Nomenclatura das memórias DDR3
Tal como suas antecessoras, as
memórias DDR3 seguem duas
denominações: DDR3-XXXX e PC3-YYYY,
onde YYYY indica a quantidade de megabytes transferidos por segundo (valor
máximo teórico). A tabela a seguir mostra as
especificações mais comuns:
| Memória | Nome Alternativo | Frequência interna | Frequência externa | Taxa de transmissão |
| DDR3-800 | PC3-6400 | 100 MHz | 400 MHz | 6.400 MB por segundo |
| DDR3-1066 | PC3-8500 | 133 MHz | 533 MHz | 8.533 MB por segundo |
| DDR2-1333 | PC3-10600 | 166 MHz | 667 MHz | 10.667 MB por segundo |
| DDR3-1600 | PC3-12800 | 200 MHz | 800 MHz | 12.800 MB por segundo |
| DDR3-2000 | PC3-16000 | 250 MHz | 1000 MHz | 16.000 MB por segundo |
Faltou explicar o significado de XXXX,
não é mesmo? Esse número faz
alusão a uma medida conhecida como megatransfer - em nosso
caso, megatransfer por segundo, isto é, MT/s -, que informa a
quantidade de dados transferidos por vez. Assim, um módulo
DDR3-800 indica que o dispotivos trabalha com até 800 milhões
de transferência de dados por segundo.
Finalizando
DDR, DDR2 e, agora, DDR3. Tanta variação faz
parte da necessidade constante que a indústria tem de oferecer
tecnologias que possam acompanhar o crescente poder dos processadores. Isso
indica que um novo padrão, talvez o DDR4, está por vir? Pode
ter certeza que sim. Empresas como Intel e entidades como JEDEC já
trabalham nas especificações de novos de
memórias que possam ser não só mais
rápidas, mas também viáveis em termos
de custo e consumo de energia.
Para saber mais sobre o assunto, consulte as seguintes matérias:





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